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Novos estudos apontam para redução do risco de ataques cardíacos e AVC

24.10.2019

Se não é novidade que ter animais de estimação traz benefícios para a saúde, dois novos estudos traduzem esta realidade em números. Investigadores descobriram que ter um cão pode diminuir em 24% o risco de morte prematura em geral. Os benefícios podem ser ainda maiores para pacientes que já tiveram um ataque cardíaco ou um AVC e que vivem sozinhos.

Os resultados de dois estudos recentes, publicados na revista científica Circulation, da Associação Americana do Coração, indicam que ter um cão pode estar associado a uma vida mais longa. As descobertas agora apresentadas partiram de estudos anteriores, que indicavam que ser dono de um cão alivia o isolamento social, melhora a atividade física e até diminui a pressão arterial. O que levou os cientistas a acreditar que os donos de cães poderiam ter melhores resultados cardiovasculares do que os não-donos.

Os benefícios foram contabilizados e traduzidos em percentagens. Ter um cão em casa está associado a uma redução de 24% do risco da mortalidade em geral (qualquer causa de morte) e a menos 31% de possibilidade de a pessoa vir a morrer com um ataque cardíaco ou um AVC, comparando com quem não tem.
 
Quanto aos doentes cardiovasculares, o risco de morte diminui 33% no caso de quem já sofreu um ataque cardíaco e 27% para quem sobreviveu a um AVC, desde que more sozinho com o cão. O benefício desce respetivamente para 15% e para 12% nos casos em que o paciente divide a casa com mais alguém, provavelmente porque o animal acaba por ser passeado também por outros, o que leva a uma diminuição da atividade física.
 
A importância de sair de casa

A atividade física poderá mesmo ser o fator-chave por trás dos resultados agora apresentados. A solidão e o estilo de vida sedentário representam importantes fatores de risco para morte prematura. Os cães são, como todos sabemos, uma excelente motivação para que os donos saiam de casa.
 
A equipa envolvida no primeiro estudo comparou os resultados de saúde de proprietários e não proprietários de cães após um ataque cardíaco ou um AVC, usando dados de saúde fornecidos pelo Registo Nacional de Doentes da Suécia, que cruzou com o registo de animais de estimação, obrigatório naquele país. O estudo envolveu quase 182 mil sobreviventes de ataques cardíacos, dos quais 5,7% donos de pelo menos um cão, e cerca de 155 mil com um antecedente de AVC, 4,8% deles donos de cães. Os pacientes estudados foram residentes suecos, com idades entre 40 e 85 anos, seguidos entre 2001 e 2012.
 
O segundo estudo, que é na verdade uma meta-análise de estudos anteriores, avaliou 3,8 milhões de pessoas que tinham participado em dez pesquisas diferentes, ao longo de dez anos, em dez países. Neste caso, foram também analisados participantes sem qualquer histórico de doenças cardíacas, tendo sido, por isso, possível concluir que a população geral apresentava menos 24% de risco de morte prematura se tivesse um cão como animal de estimação.
 
Face ao resultado de pesquisas anteriores, que demonstraram como o isolamento social e a falta de atividade física podiam afetar negativamente os pacientes, os autores do estudo e da meta-análise agora publicados procuraram determinar se ter um cão pode, pelo contrário, afetar positivamente o estado de saúde.
 
Sem querer parecer demasiado otimista, Glenn N. Levine, membro da Associação Americana do Coração, realça a qualidade dos novos estudos, mas recorda que não podem “provar” que a adoção ou a posse de um cão “leve diretamente à redução da mortalidade”. Ainda assim, em comunicado, admite que “trazem descobertas fortes que, pelo menos, sugerem isso”.
 
A própria equipa que conduziu os estudos reconhece que é necessária mais investigação que ajude a estabelecer uma relação de causa-efeito e que permita, então, recomendar os cães para prevenir doenças cardiovasculares graves.