Como agir em caso de acidente?

A prevenção é sempre a melhor opção. Há, no entanto, acidentes que não se conseguem evitar.

Estudos indicam que o principal motivo de acidentes domésticos com animais de estimação é a queda de lugares altos – acontece mais com gatos, mas também há muitos casos de cães que caem de janelas, muros ou escadas. A segunda causa mais frequente de acidentes é a ingestão de substâncias tóxicas, como produtos de limpeza, de higiene, medicamentos ou plantas.

Em caso de acidente, manter a calma é fundamental. Agir com rapidez também. 

Numa primeira fase, deve acalmar e controlar o seu cão ou gato para que este não se sinta assustado e tenha comportamentos agressivos. Se vir que não consegue manter a calma e transmitir um ambiente seguro ao animal, procure ajuda de amigos ou vizinhos próximos.

Em qualquer situação de emergência, recorra sempre a especialistas veterinários para ser orientado e, em situações mais graves, dar seguimento ao tratamento ou manobra de salvamento.
 
Saiba o que fazer em caso de:
 


As quedas são um acidente comum que pode originar fraturas, traumatismo craniano, contusão pulmonar ou até a morte.

Se se aperceber que o seu animal caiu de um sítio alto, atue de imediato. Mantenha a calma e tente recolhê-lo o mais rapidamente possível (ao cair de uma janela, são muitos os gatos que fogem assustados e se escondem). Faça-o com a ajuda de uma toalha ou leve consigo uma transportadora, onde possa colocar o animal. Evite mover-lhe demasiado o corpo ou rodar a cabeça. Se possível, desmonte a parte de cima da transportadora, de forma a consegui-lo colocar no interior sem o mexer demasiado.

As quedas originam muitas vezes fraturas. Não tenha medo de mexer num membro fraturado, mas tenha cuidado. Ao palpar ou manipular a zona, a dor vai ser forte e o animal pode reagir com agressividade. Deve falar num tom de voz tranquilizador, colocar-lhe um açaime ou improvisar uma mordaça e examinar a zona afetada para perceber se a fratura é exposta (se há ferimento perto da área quebrada ou se o osso sai da pele) ou fechada (sem lesão na pele). Em qualquer um dos casos, deve seguir diretamente para o veterinário. Não tente fazer tala! É natural que, em certos casos, o animal venha a precisar de uma, mas esta só deverá ser feita após analgesia. Mesmo no caso de quedas em que o animal não aparente ter sofrido lesões, convém que seja visto por um médico veterinário. Até lá, não lhe dê e comer nem de beber – a queda pode ter causado lesões na boca; ao ingerir água ou comida, estas podem ser desviadas para as vias respiratórias, provocando uma pneumonia por aspiração. Siga todas as indicações do veterinário, que decidirá em função do tipo de lesões provocadas pela queda. É natural que, após a observação/alta, o animal tenha de repousar e de ser vigiado para detetar possíveis complicações. Em alguns casos, poderá também de ter de tomar analgésicos ou antibióticos.

 


Os sintomas de intoxicação são geralmente fáceis de detetar, independentemente da substância ingerida:

- Vómitos;
- Apatia;
- Salivação excessiva e secreções (boca);
- Diarreia;
- Fraqueza;
- Falta de ar;
- Febre;
- Taquicardia;
- Agitação;
- Tremores e convulsões.

Perante qualquer um destes sintomas, é fundamental que mantenha a calma. Não se precipite, mas não perca tempo!

Em primeiro lugar, deverá tentar tirar da boca do animal todos os resíduos da substância ingerida.

Siga de imediato para o veterinário. Pelo caminho, se possível, telefone, informando que se trata de uma emergência. Indique a causa (tipo de produto ingerido, quantidade, há quanto tempo), os sintomas e siga as instruções transmitidas. Não se esqueça de levar consigo amostras da substância ingerida – sabendo o conteúdo do produto tóxico, será mais fácil ao médico veterinário determinar o tratamento mais adequado. Caso o animal tenha vomitado, leve também uma amostra, pois, em caso de dúvida, poderá ajudar a identificar o que foi ingerido.

Não induza o vómito no animal, a menos que lhe seja aconselhado que o faça pelo médico veterinário. Dê-lhe a beber alguns goles de água, mas não dê leite, porque, ao contrário do que muitos pensam, este alimento pode, em certos casos, agravar a situação.

Os casos de intoxicação são, regra geral, resolvidos com uma lavagem gástrica. É natural que o animal tenha de ficar algum tempo internado, para observação.
 


As queimaduras são na sua maioria visíveis. Apresentam-se como feridas expostas sem pele, vermelhidão na pele e bolhas.

Se o seu animal se queimar, deve de imediato imobilizá-lo, dentro do possível, para evitar qualquer movimento. De seguida, lave-lhe a zona ferida com água e sabão (para o caso de queimaduras causadas por produtos químicos) ou água fria (para queimaduras causadas por calor ou chama). Não é aconselhável administrar qualquer produto na zona ferida para não atrasar o processo de cicatrização. Envolva a zona queimada utilizando panos ou um material macio e prenda com uma fita, de forma a que a ferida fique protegida.

O animal deverá ser visto por um médico-veterinário logo que possível, para determinar o melhor tratamento a seguir.
 


Brinquedos, pequenos objetos ou até mesmo ossos podem causar a asfixia de um cão ou gato.

Caso se aperceba que o seu animal de estimação engoliu algo que não o está a deixar respirar, tente abrir-lhe a boca com as duas mãos, uma em cada maxilar. Tenha cuidado, para evitar ferimentos. Se não encontrar nenhum objeto ou não conseguir retirar o que encontrou, aperte o tórax do animal com força para que o ar dentro dos pulmões expulse o objeto. Faça-o várias vezes até que ele elimine o que está a obstruir a passagem de ar. Ligue de imediato para um médico veterinário e peça orientações sobre como deve agir.
 


Tal como as queimaduras, as feridas são facilmente visíveis.

No caso de pequenas feridas superficiais, basta que limpe a zona afetada com uma solução desinfetante e vigie para detetar eventuais infeções.

Já no caso de feridas graves (provocadas, por exemplo, pelo ataque de outro animal), não lhes toque. Controle apenas o sangramento, enrole o animal com um cobertor ou uma toalha e leve-o de imediato a uma clínica ou hospital veterinário. As feridas são perigosas e podem evoluir para infeções profundas.

 


Não é raro acontecer cães e gatos roerem fios elétricos. Os danos podem ir do simples susto a situações mais sérias, como paragens cardiorrespiratórias.

Se o animal levou um choque, mas não permaneceu ligado à corrente, verifique se a boca e a língua estão queimadas (aspeto escurecido ou acinzentado). No interior da boca e na língua não há muito a fazer. O animal terá dificuldade em comer durante alguns dias. Ofereça-lhe alimentos líquidos e frios. Se a região externa da boca foi atingida, pode utilizar uma pomada antibiótica e cicatrizante. Leve o animal ao veterinário: animais com queimaduras graves na boca e que se recusam a comer e beber água, devem fazer fluidoterapia para não sofrerem desidratação.

Se o animal levou o choque e permaneceu ligado ao fio, não lhe toque. Desligue de imediato a fonte elétrica. Verifique se o animal está consciente. Se não estiver a respirar, faça respiração artificial. Se o coração estiver parado, faça massagem cardíaca. Assim que os sinais vitais regressarem, leve-o de imediato ao veterinário.

Como fazer respiração artificial a um animal? Com a mão, feche a boca do animal segurando firmemente o focinho. Eleve a cabeça do animal e encoste a boca ao focinho (pode usar um lenço para evitar o contacto direto). Sopre para dentro das narinas até sentir que o peito do animal se eleva. Deite a cabeça do animal e pressione o peito delicadamente para que o ar saia. Repita o procedimento 8 a 10 vezes a cada minuto. Verifique se o animal volta a respirar. Continue a respiração artificial, até que respire.

Como fazer massagem cardíaca a um animal? Coloque as duas mãos sobre o coração do animal. Faça pressão firme e rápida sobre a região e solte, como se estivesse a bombear. Pressione rápido e solte, uma vez por segundo. No caso de gatos e cães pequenos, use as pontas dos dedos para pressionar o coração. Massaje por 30 segundos (30 pressões) e observe se os batimentos cardíacos voltam.  Continue o procedimento a caminho do veterinário, se o coração não voltar a bater.

No caso de uma paragem cardiorrespiratória, faça massagem cardíaca e respiração artificial conjuntamente (sequência de 5 ou 6 pressões sobre o coração, intercalada com uma respiração).
 


A maioria das picadas de insetos são inofensivas para os cães e gatos. Já se a picada for de uma abelha ou vespa, pode dar origem a uma reação alérgica.

Os sinais de uma picada deste tipo são inchaço, dor nos músculos e na área afetada, vómitos, fraqueza, febre e choque (gengivas pálidas ou brancas, batimento cardíaco acelerado e respiração rápida).

Em caso de picada de abelha, aproxime-se do cão falando num tom de voz calmo, prenda-o e use um açaime ou improvise uma mordaça se necessário. Não aperte a zona da picada e tente retirar o ferrão, usando uma pinça ou raspando com uma faca. Se a área afetada estiver quente e inchada, aplique um saco com gelo sobre a pele durante alguns minutos. Dê-lhe um anti-histamínico e use um creme de cortisona. Se notar qualquer dificuldade respiratória ou se o focinho parecer inchado, leve o animal de imediato ao veterinário.