Notícia

Quando tudo tem de ser deixado para trás

28.08.2023

No deflagrar de um incêndio no lugar onde sempre chamaram casa, uma família viu-se obrigada a deixar tudo para trás. O agregado familiar, composto por um casal com mais de sessenta anos, uma filha menor de dez anos e um filho de vinte e seis anos, encontra-se agora numa situação de profunda fragilidade económica e social.

A família residiu na Freguesia de Marvila, Chelas, durante vinte e dois anos, numa habitação gerida pela GEBALIS - empresa local de promoção do desenvolvimento local que tem como objetivo a promoção e gestão de imóveis de habitação municipal – mas a situação alterou-se, após o incêndio, quando têm de se mudar para uma habitação de emergência social cedida pelo SMPC (Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa).

O único rendimento do agregado familiar é a pensão de velhice do companheiro de D. Fátima, não existindo outros apoios. A D. Fátima requereu o RSI (Rendimento Social de Inserção), estando a aguardar pelo decisão da Segurança Social, e o filho mais velho do casal encontra-se desempregado. A familia estará integrada na resposta de emergência por um período máximo de um ano.

Na casa onde viviam já nada é reconhecido pela família. O estado de destruição da habitação faz com que a esperança em reconstruir o lar que sempre conheceram se torne difícil de manter. Para além das consequências provocadas pelo incêndio, o agregado familiar tem assistido à ocupação e vandalização frequente da casa, bem como ao roubo dos pertences que ainda restavam.

Quando foi integrada em resposta de emergência de acolhimento, na Freguesia do Beato, a familia viu-se obrigada a deixar a sua cadela idosa para trás, uma vez que esta resposta não previa o acolhimento integrado deste agregado constituido por pessoas e animais.

Para satisfazer as necessidades básicas do animal a tutora deslocava-se a pé, 6 vezes por dia, entre a Freguesia do Beato e de Marvila. “Foi muito complicado e cansativo. Não havia nada nem ninguém para ajudar”, diz com tristeza.

A cadela pernoitava assim nos destroços da habitação, em ruínas, acompanhada de pessoas desconhecidas e sem qualquer tipo de segurança.

Após a intervenção e sensibilização por parte do Departamento de Desenvolvimento Social da Animalife - equipa constituida por Assistentes Sociais e Médica Veterinária - junto dos vários serviços municipais, nomeadamente a Proteção Civil, ficou acordada a permanência do animal junto da sua familia, sem qualquer impedimento.

“A ajuda da Animalife tem sido muito grande. Há muitas pessoas que abandonam os animais por falta de apoios como este”, afirma D. Fátima.

A família pode respirar de alívio em relação ao bem-estar do seu animal de companhia, que, agora, se encontra junto dos seus tutores, de onde nunca devia ter saído.