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Canis: “Centros de recolha deviam ser centros de adoção de animais”

17.08.2020

A sobrelotação dos abrigos para animais abandonados deve-se à inexistência de campanhas de adoção e a falta de apoio a famílias carenciadas com animais de estimação.

O regresso ao abate de animais abandonados proposto pela Associação Nacional de Médicos Veterinários Municipais não é a resposta para o excesso crónico de cães e gatos em abrigos de associações protetoras de animais que foi exposto no incêndio em Santo Tirso que provocou a morte a 73 animais no início desta semana. Quem o garante é o presidente da AnimaLife, uma associação nacional que apoia 350 abrigos, e que defende uma solução a montante do problema.

Porque se abandonam animais

"É importante analisar o que leva as pessoas a abandonar os animais de estimação e, de acordo com estudos realizados em Espanha – em Portugal não existem estudos – o principal motivo são dificuldades financeiras", explica Rodrigo Livreiro.

 

A associação - que pediu para participar no grupo de trabalho criado pelo Governo para estudar o abandono dos animais, mas não recebeu uma resposta – desenvolve programas de prevenção de abandono, fornecendo essencialmente alimentação às famílias com animais que pedem. E para Rodrigo Livreiro este apoio deve fazer parte da solução.
 

"A lei que proíbe o abate nos centros de recolha oficiais foi criada sem condições para que pudesse ser cumprida. As estruturas existentes são insuficientes para receber os animais e na lei não há propostas para reduzir o número de animais abandonados", defende Rodrigo Livreiro.
 

Foco na adoção

A solução passa por apoiar as famílias com dificuldades económicas que têm animais para evitar o abandono. A associação presta apoio ainda a sem-abrigo com animais de estimação e a associações de animais. Mas também é fundamental apostar em "campanhas massivas de adoção, algo que não se vê nos concelhos." Rodrigo Livreiro vai mais longe: "os centros de recolha deviam ser centros de adoção."
 

Os centros de recolha retiram os animais abandonados da via pública, mas não estão vocacionados para a adoção. "Os próprios horários de funcionamento não se adequam a quem quer adotar e não estão habituados ao processo – não basta adotar, é preciso conhecer a família, a casa para avaliar se o animal escolhido é uma boa opção. Isto para evitar que, mais tarde, este animal volte a ser abandonado."
 

A adoção dos animais é quase totalmente colocada aos ombros dos abrigos e associações de acolhimento de animais – como a que ardeu na semana passada, provocando a morte a 73 animais. "Têm muito mérito, mas são estruturas debilitadas, com um grande número de animais que não têm recursos para fazer grandes campanhas de adoção."
 

Apoio de famílias com animais
 

Mas pode-se fazer mais para reduzir o número de abandonos – em 2018 foram registados 36.500 animais recolhidos pelos centros de recolha oficial, um número que deve ter disparado com a pandemia. O quê?  Apoiar as famílias que adotam. "Agora, as pessoas que adotam são fiscalizadas e punidas se não cumprem com as obrigações legais como a vacinação e o chip. Mas e se as famílias não têm recursos para fazê-lo? Estamos a puni-las por serem pobres", acusa Rodrigo Livreiro.

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